Nota de pesar do Meridianum sobre a tragédia no Museu Nacional

03/09/2018 18:38

No dia 02 de setembro de 2018 uma tragédia assolou o Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro e sendo a mais antiga instituição cientifica do Brasil, que foi destruído por um incêndio.

O Museu Nacional preservava 20 milhões de itens incluindo o maior acervo de artefatos egípcios da América Latina, com múmias egípcias intactas em seus sarcófagos; obras de arte; vasos gregos e o fóssil de Luzia, fóssil humano (Homo sapiens) mais antigo encontrado na América com mais de 11 mil anos. Esses artefatos sobreviveram durante milênios, mas não sobreviveram ao descaso que vêm se tendo com a universidade pública, com a cultura e à tentativa de sucateamento da ciência e tecnologia no país.

No mesmo ano em que a CAPES anuncia situação de emergência e a possibilidade de cortes de bolsa em 2019, menos de três anos após um incêndio de grandes proporções ter atingido o Museu da Língua Portuguesa em São Paulo, somos agora surpreendido com o incêndio do Museu Nacional! Esse incêndio não foi acidental, mas sim criminoso, causado pelos congelamentos de gastos com diversos setores de incalculável importância social e pela a falta de verbas para manutenção do Museu que há três anos recebia apenas 60% da verba necessária (que deveria ser de um total de R$ 550 mil anuais) e chegou ao ponto de fazer uma “vaquinha online” para arrecadar verbas.

Esse congelamento de recursos afeta diretamente a cultura e a educação e se constitui como um projeto de sucateamento, um projeto de tirar de nós, Brasileiros(as), nossa possibilidade de produzir ciência e tecnologia, um projeto de destruir nossa história, formar um povo ignorante sobre seu passado e incapaz de protestar no presente e tomar as rédeas de construção do futuro.

Com cada janela que caiu do Museu Nacional, com cada parede queimada, com cada coluna derrubada e com cada artefato destruído pelas chamas do fogo se desmoronou também um pedaço de cada um(a) de nós, se destruíram sonhos de pesquisas que não poderão ser concluídas e de outras que jamais se iniciarão.

Colocamos-nos em luto e profunda tristeza por essa tragédia e desejamos que nossa história, nossa democracia e a universidade pública parem de ser destruídas a cada dia.